sábado, 29 de dezembro de 2007

Mentecaptação (parte dois)

Mentecaptamente,
Mais uma idéia
A mente capta;
Pronta para estréia,
Meio indiferente
Ela se adapta
Ao meu ambiente,
Capta pelo ente
A semente apta.

Apetitosamente,
Aptidão presente
Essa que sente
A mentecaptação;
Pressente ilusão
Nesta corrente
De adaptação.

Coerentemente,
Passo à frente
Pela captação;
A mente capta
Cada cilada...
Da cabeça apta
Para decapitação,
O pensar é ação.
A mentecapta
Está enganada;
É mutilado
Pela diarréia
Verbal da fala
O ego inflado
Por uma idéia
Que aparente, mente:
Vem do nada
(Nada ver...).

Refletindo-Lhe

Se tudo que reflete é espelho
É melhor nem parar pra pensar
Vou reafinar meus joelhos
E botar as orelhas pra funcionar

E Lhe dar a alma
E manter a calma
E arrumar a cama
Com cara de lama

Pintando o sete pra ver
Que a vida pede pra ser
Mais do que matar a sede
Pra poder deitar na rede

Despede da trama e acorda
Não deixa cair essa corda
Que a serpente morde
E a gente é que paga...

Mais um acorde, pra quÊ?
Mais um acorda pra nada!
Quebra o recorde pra ver
Que depois não recorda nada.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Trocando em miúdos (E assim disse Onário...)

"mentecapto
men.te.cap.to
adj (mente+lat captu) Que perdeu o uso da razão; alienado, idiota, néscio.

captação
cap.ta.ção
sf (lat captatione) 1 Ação de captar. 2 Dir Emprego de meios capciosos ou dolosos para conseguir, em proveito próprio, a liberalidade de outrem: uma doação, um legado etc."

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Sobre o processo para a Consciência de Krishna

É tão sério, mas tão sério,
Que até parece brincadeira!

Simplesmente

É tudo tão simples
Que até parece complicado.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

(re)pública privada

Quero provar que
Não há nada a prever;
Quero mostrar que não sou autor:
Sou apenas um ator.

Nada de novo mais uma vez,
Como já era de se esperar.
Seja o que Deus quiser
Mas nem precisa dizer:
Tenha certeza
De que sempre vai ser.

Estalo de consciência

Por tudo o que eu ainda cismo
Em não chamar de egoísmo
Penso sempre chegar depois,
Pois é o outro que sabe sobre mim
- e eu não consigo ser dois.
Falo inglês e preparo arroz;
Me vanglorio de tanta coisa
Que a própria verdade perde a cor,
E o valor eu não mudo quando falo.

Instalo um ralo na cabeça
E o desaguar das idéias
Flui bem;
Naturalmente,
Não sou o pensamento,
Mas aquele que sente;
O que faz sentido é incoerente
(porque o senso comum desmente).

Finalmente, o estalo:
Espaço = estado de consciência.

sábado, 18 de agosto de 2007

Muito pelo contrário

Os homens brigam por brigar,
Os cães por se embriagar.
A roda gira sem nexo,
O sexo gera disputa:
As fodas da vida jogam
Mais e mais filhos na luta!...

Enquanto isso um som brasileiro
Pela sombra caga pra ver;
O artista dentro da gaveta
Pela fresta da porta do armário
Lavra o que não se aproveita
Fazendo hora no vocabulário...

Encabulado ele fica de fora
Colhendo odores do próprio jardim,
Lembrando de olhos e orifícios
Como se fossem ossos do ofício...
Fazendo muito pelo contrário,
Ganhando tempo como salário.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Maquinalma

Um disco, um dígito;
Um risco rígido...

As aparências esganam,
E eu sei que sou enganado.
Minha escova de dentes
Funciona só com pilhas alcalinas
E ainda assim eu fico
Cada vez com mais preguiça
De escovar os dentes...

Eu não sei o que acontece
Mas é todo santo dia:
No espelho do banheiro
Vendo a minha cara
Não me reconheço;
Às vezes esqueço
E penso que não sou mais eu.

Talvez o que eu veja
Seja apenas um robô,
Que roubou meus olhos
E sugou a minha alma.

Plugando muita calma
No meu cérebro ciborgue,
Quem sabe um dia
Volto a ser humano...

Maquinando um plano
Nas teclas do piano,
Sei que o meu corpo
É como um pedaço de pano

E amanhã quando trocar de roupa
Pra sair na rua,
A minh'alma nua
Voará para além as nuvens...

E o meu novo aeroplano,
Sete vidas por segundo,
Contemplará de longe
O que hoje ainda mudo.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Ágora

"Agora que os poetas dormem de meias
E os astronautas não comem maçãs"*;
Agora que uma mulher se equilibra
Na muleta do tímpano estourado;
Agora que eu não tenho fome mas
Minhas palavras parecem sem sal;
Agora que aceito o que não quero
E quero que você também azeite;

Agora, é tudo ou nada:
Chego em praça pública,
A piada perde a graça.
Mas que desgraça!
Até parece
Que eu estou falando grego...

* frase tirada de Encanto, do Doutor Mim

Poucapacidadicernimento

Eu tenho muita muita muita muita muita
muita muita muita muita muita
muita muita muita muita informação!...

Eu tenho pouca pouca pouca pouca pouca
pouca pouca pouca pouca pouca
poucapacidadicernimentounão?...

Mentecaptação (parte um)

A mente capta

Cada idéia...

Da pessoa apta

Para a captação

O pensar é ação,

E a mentecapta

Cabeça usada

É mutilada

Pela diarréia

Verbal da fada.

Que fada é essa?

Ou será o fado?