terça-feira, 7 de agosto de 2007

Maquinalma

Um disco, um dígito;
Um risco rígido...

As aparências esganam,
E eu sei que sou enganado.
Minha escova de dentes
Funciona só com pilhas alcalinas
E ainda assim eu fico
Cada vez com mais preguiça
De escovar os dentes...

Eu não sei o que acontece
Mas é todo santo dia:
No espelho do banheiro
Vendo a minha cara
Não me reconheço;
Às vezes esqueço
E penso que não sou mais eu.

Talvez o que eu veja
Seja apenas um robô,
Que roubou meus olhos
E sugou a minha alma.

Plugando muita calma
No meu cérebro ciborgue,
Quem sabe um dia
Volto a ser humano...

Maquinando um plano
Nas teclas do piano,
Sei que o meu corpo
É como um pedaço de pano

E amanhã quando trocar de roupa
Pra sair na rua,
A minh'alma nua
Voará para além as nuvens...

E o meu novo aeroplano,
Sete vidas por segundo,
Contemplará de longe
O que hoje ainda mudo.

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